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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Retratos e Canções

Não faz muito tempo que finalmente encontrei uma caixa velha, cheia de fotos dos tempos que ainda empunhava uma guitarra e tinha, como todo garoto de 15 anos, a intenção de mudar o mundo com uma banda de rock.

Comecei a mexer nas fotos, empoeiradas, seguindo a linha da velha guitarra, guardada no armário há muito tempo. Fui lá, peguei o instrumento, tirei do case, pus no chão ao lado das fotos. Por um momento tudo aquilo parecia fazer sentido de novo. Ao olhar a imagem da guitarra e das fotos no chão do quarto de som, podia quase que sentir o cheiro do palco. Lembrei do velho aplificador que tinha, valvulado, lógico, que nunca aprendi como regular direito. Esse já foi embora faz tempo.

Mas uma coisa, mais que tudo isso começou a me chamar a atenção. Uma banda de rock, rock de verdade, contestador, barulhento, autêntico em forma e sentido, é sempre uma banda de rock, e isso não tem idade. Uma banda de rock'n'roll é atemporal. É a perfeição do mundo das artes. Melhor que qualquer Monet ou Chopin, o rock tem a sua magia, o seu sentido e uma deixa que o transforma a música em uma manifestação artística acessível a todos.

Tentando me expressar melhor, a coisa funciona, mais ou menos, assim:

O tal do rock traz consigo alguns elementos incríveis de inclusão. Primeiro que é, talvez, a única manifestação artística que você não precisa de quase nenhum conhecimento técnico para exercer. Qualquer menino de 15 anos, ou menos, que saiba tocar três acordes e aumentar o volume do amplificador, pode sim tocar rock'n'roll. Segundo que o tal rock não impõe regras, limites, barreiras, nada, absolutamente nada. Tocou, gritou, tá valendo, é rock. O terceiro ponto e talvez o mais importante é que quando somos crianças e, mesmo sem saber tocar coisa nenhuma, gostamos do movimento criado pela banda de garagem do vizinho. As músicas sào horríveis, as letras não dizem nada com nada, mas você simplesmente adora. O movimento é fantástico. Não importa se é bom ou ruim, o que importa é que "eu tenho uma banda de rock".

Foi assim comigo, e foi e vai ser assim com qualquer um que comece uma banda de rock, por pura emoção, no primeiro ano do científico, que hoje deve ter mudado de nome.

No escuro de uma garagem, o cheiro de mofo e o calor se misturam com as melodias horrendas pra trazer uma sensação boa de alívio, paz. Te dá personalidade, um rumo a seguir, e além de tudo, faz de você, naquele momento, o prórpio Mick Jagger. Incrível isso.

Voltando às fotos e a minha velha Fender Stratocaster, me ocorreu outra coisa: Já não estava em mim a presença de espírito que tinha aos 15 anos. Dele, ficaram somente as fotos e a velha Strato. Talvez, no coração, apenas o cheiro de "Mopho". Hoje, ainda quero mudar o mundo. Mas de outra maneira. Depois a gente conversa...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Comendo com Boa Música!

Bom, Vamos tentar um trabalho diferente agora. Na verdade, vou pedir o auxílio de alguns amigos músicos, jornalistas, metidos a entender de música (como eu) e, por fim, comedores profissionais, para compor a continuação desse post.
Na verdade convidarei todos esses "personagens", para vagar de bar em bar, restaurante em restaurante, boteco em boteco de Maceió, para saber onde comer bem, ouvindo boa música.
Deve ser interessante isso. Além de uns quilinhos extra e uma boa dose de álcool pra fechar bem algumas visitas, vamos poder relacionar alguns locais de boa música em Maceió.
Aguardem... Voltamos em breve com mais novidades...

terça-feira, 29 de março de 2011

Nome aos bois

Bom, fazia tempo que não passava por aqui. Ter um blog demanda um compromisso de postagem, que nem sempre posso cumprir. De qualquer forma, sempre espio e saio correndo pra resolver alguma coisa. Mas, de volta pelo menos por enquanto, trago um assunto que tem me chamado cada vez mais atenção quando ouço falar de música, a tal e fatídica frase: "Assim não dá dinheiro".
Hoje em dia, tanto na música quanto em qualquer meio profissional normalmente emergente, onde podemos encontrar grandes nomes fazendo grande sucesso e ganhando muito dinheiro, as somas astronômicas fazem mais sentido para a maioria das pessoas que a própria habilidade ou, no caso do cenário musicial, a prórpia sensibilidade e talento.
No começo dos tempos, quando a música era apenas uma forma de expor sentimentos, quando ainda se "cantava" o que se sentia na forma de desabafo de um grito há muito contido na própria alma, podia-se destinguir cada artista por suas particularidades, seus sentimentos eram únicos, mesmo vindos de uma mesma fonte de sofrimento, normalmente a discriminação, a miséria, a fome, entre outros. Os lamentos e contestações eram autênticos, sentidos e disseminados em cada acorde, melodia ou harmonia.
Mas aí veio o tal do dinheiro. Hoje o seu lamento só pode, ou deve, ser musicado se for comercial.  Pronto, acabaram com tudo. É como se ouvir de um produtor que o que você sente não serve. Você tem que expressar o sentimento, digamos, da Ivete Sangalo (grande merda), quando canta, porque isso dá dinheiro.
O som que você consegue do seu saxsofone não é comercial, você tem que tocal igual ao Leo Gandelman (menos mal), para ser realmente "autêntico". Leo é legal sim, mas não é você.
Isso causa uma série de imitações ridículas no meio musical, uma coisa completamente superficial. Superficial ao ponto de se notar claramente a imitação de gestos, sorrisos, palavras colocadas propositalmente em uma rápida comunicação com a platéia, cortes de cabelo, pelo amor de Deus, corte de cabelo igual é o fim. Mas acontece. E muito.
As bandas do dito forró, tem que acrescentar vinhetas com o nome do artista no meio de suas músicas para que se identifique quem está cantando. Acabou a magia de se ouvir uma única nota de trompete e gritar: Miles... é Miles Davis. Acabou isso. A identidade musical está sendo substituída por uma fórmula idiota de sucesso que afastar cada vez mais a música da arte. No lugar de artistas, temos hoje copiadoras burras de um formato antiquado de música ruim.
Um conselho: Antes de gritar o nome do artista, espere a música acabar e o locutor dar nome aos bois. Mais fácil.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Alternativo, Garage, Indie, Independente? O que é isso?

Já tentaram procurar a definição de música alternativa na net? Eu já. Tem muita gente falando muita coisa. Uns acham que é um estilo indefinido em termos musicais. Outros chamam de música "progressiva", há quem diga que é um estilo musical voltado para quem não gosta de nada e, por ironia do destino, acaba gostando de um som alternativo - eu também não entendi essa - um som diferente de tudo que existe. Já a boa e velha Wikipedia, nos traz o seguinte: "Rock alternativo (também chamado de música alternativa) é um género de rock surgido na década de 1980 que se tornou bastante popular na década de 1990. Consiste de vários subgéneros oriundos da cena musical independente como grunge e britpop, que estão relacionados por sua influência em diversas escalas com o punk rock e que não se encaixavam em classificação alguma conhecida na época. Às vezes era usado para rotular artistas undergrounds dos anos 1980 e bandas de rock and roll dos anos 1990. Mais especificamente, englobava a maioria dos géneros que surgiram nos anos 1980 e que tornaram-se conhecidos nos anos 1990, como o indie rockpost-punkrock gótico e college rock. Apesar do género ser considerado rock, muitas bandas são influenciadas pela música de seus respectivos países, sendo o folkreggaeeletrónico e jazz facilmente encontrados. Portanto, duas bandas de rock alternativo não têm necessariamente características em comum, sendo o termo usado para qualquer som que se aproxime do rock, mas que, não se encaixou em nenhuma de suas vertentes." Bem, aí está uma definição bem abrangente de rock alternativo, mas e a música alternativa, seria somente a derivada do rock? E os demais estilos?
Prefiro pensar assim: Música alternativa é todo estilo musical que, em desapego aos moldes comerciais, ainda não foi rotulada para a venda.
Quase que no início de tudo, o Blues era um gênero alternativo, que para se tornar comercial foi rotulado de Rythm & Blues (R&B) e cantado por brancos para poder vender. E dele veio o tal Rock'n'roll, que até então não existia. Nirvana é outro bom exemplo. Era uma banda de garagem, fazendo a tal música alternativa, até que alguém descobriu que podia faturar milhões com aquilo e o batizou de Grunge. Bem perto de nos, temos outro exemplo, o Chico Science e a Nação Zumbi, que teve seu estilo, misturando Rock com Maracatú,  nominado comercialmente, de Manguebeat.
Então a regra é simples, ganhou nome, deixa de ser alternativo.
Rótulos são comercialmente importantes para a venda de um produto. É preciso se dizer o que está vendendo e, por isso, tudo aquilo que não tem rótulo, ou nome, chamamos de alternativo no mundo musical.
Agora vamos misturar tudo num pacote só. Se não tem nome, não é comercial. Se não é comercial, ainda não está em uma gravadora grande ou "Major, então é independente, vive só, paga as suas contas e se promove sozinho, podemos também chamar de Indie (derivação de independente), e se vive sozinho e ainda é obscuro é Garage, como era o Nirvana quando começou. 
Então, a música alternativa está diretamente ligada às Garage Bands Indies, ou Independentes.
Exemplificando: Tenho uma banda que mistura Pink Floyd com Baião. Massa! Toco junto com mais 30 bandas em concertos cooperativos que levam no máximo 500 pessoas para cada apresentação com um preço de ingresso que não passa dos R$ 20,00. Não tenho apoio de quase ninguém, muito menos de uma gravadora grande que possa bancar a divulgação do trabalho, e a única forma que tenho de me fazer conhecer é a internet e alguns Blogs de gente que gosta desse tipo de música. Então sou Alternativo. 
Agora, se alguém "lá em cima"gosta de meu som, banca a gravação do meu disco, chama o que eu toco de, vamos dizer, "Pirão de Ovo", impõe várias limitações musicais ao trabalho que vinha fazendo, me veste com roupas coloridas e me põe, numa tarde de domingo para tocar no Faustão, aí não sou mais Alternativo, nem Garage, muito menos Idie ou Independente, Já sou "Pirão de Ovo". Totalmente limitado artística e criativamente pelos moldes comerciais do momento.
Por esse tipo de coisa que ainda gosto muito da música alternativa, seja ela o que for. A sinceridade do som, o orgulho da obra e a "cara de pau"de estar tocando exatamente aquilo que quer, ainda representam a tal liberdade, na qual o Rock'n'Roll sempre se apoiou.
E viva ao Alternativo!





sábado, 15 de janeiro de 2011

CD ou Palco? Confiar em quem?

Nunca, mas nunca, tente avaliar o trabalho de uma banda alternativa tomando como base um show ao vivo. É um conselho que poso dar, levando em consideração as inúmeras vezes que ouvi os álbuns ou mesmo demos de bandas alternativas e, no show, chegava a me perguntar, que banda era aquela que estava no palco.
As coisas no "lowstream"funcionam um pouco diferente do que estamos acostumados a ver nos grandes shows de bandas internacionais, ou mesmo de artistas nacionais, de certa forma, famosos.
Acontece que quando se grava um disco, ou álbum, fica muito mais fácil e aplicar idéias e redirecionar o foco final do trabalho. Os equipamentos - que hoje não são poucos - ajudam os "alternativos" na construção de suas idéias. A calma e, suposto, aconchego de um estúdio de gravação, faz com que se pense melhor e que se possa por em prática a real intenção do artista, através de um processo criativo assistido e bem trabalhado.
É possível acrescentar detalhes e instrumentos à gravação que, talvez, não façam parte do "cast" da banda e por aí vai.
Bom, ao vivo a coisa é diferente.
A grande maioria das bandas alternativas, e sei disso porque já fiz parte desse contexto, se apresenta em palcos igualmente alternativos. Sem muitos recursos tecnológicos ou mesmo, sem condições de acrescentar à sua formação músicos ou instrumentos e efeitos extras, que foram inseridos durante o processo de gravação do álbum. A qualidade do equipamento de palco é, geralmente, sofrível, até porque ficaria financeiramente inviável ter-se a mesma qualidade, no palco, dos equipamentos encontrados em um estúdio de gravação, tendo em vista que o preço dos ingressos não podem atingir valores elevados, nem se tem um público numeroso o suficiente para cobrir tais custos.
Durante a apresentação, muitas vezes, por carência de bons equipamentos de retorno e por um inexistente projeto acústico para o palco, a banda sequer consegue se ouvir, o que atrapalha ainda mais a tentativa, sempre válida, de trazer ao público uma reprodução o mais fiel possível do que se apresenta em uma demo ou álbum gravado anteriormente.
Lugar de artista é no palco. Claro, lógico, não se discute isso, mas com tamanhas dificuldades torna-se, muitas vezes, impossível levar à plateia a real intenção ou interpretação de um trabalho. Por isso ouvimos, muitas e muitas vezes, que: "Essa banda é bem mais pesada no palco que no CD", ou "Cadê aquela guitarrinha que fica por traz fazendo um riff", ou "Poxa, o solo era o melhor momento e eles não tocaram", e por ai vai.
Então, vá ao show, não deixe de ir, mas saiba que verá uma banda um pouco diferente daquela que está no CD.
Mas então aparece outro interessante questionamento: Qual é a verdadeira banda? A do CD ou a que está no palco, na minha frente, tocando pra valer e mandando ver?
Bom, eu vejo da seguinte forma: Banda mesmo é aquela que está alí, no palco, na minha frente, tocando de verdade, apresentando a interpretação nua e crua de seu trabalho, sem efeitos de estúdio, sem edições, sem mágicas tecnológicas. Essa é a banda que eu tenho que gostar, ou não, mas entendam, isso enquanto BANDA. Já a interpretação de uma obra, desta BANDA, eu prefiro fazer pelo CD. Sem dúvida. Alí está a verdadeira criação, a preocupação com os detalhes, alí foram inseridos, na maioria das vezes, elementos com os quais os componentes se preocuparam em usar para definir o seu trabalho.
Então fica a dica: Banda é a que está no palco e "trabalho" de uma banda, indiscutivelmente, está na gravação, em CD ou qualquer outra espécie de mídia.
É isso.
Link interessante que deixo com vocês hoje, trata do site do Popfuzz e suas bandas alternativas maravilhosas. Grande inciativa: http://popfuzz.com.br/

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Divino

Juntando, numa poção mágica, Júnior Bocão (Mopho) e Ana Galganni (Expresso Monofônico), nasce o espetacular Divina Supernova. Divino, não há outra palavra. Banda, acima de tudo sincera, com um toque de charme, acredito que não mais visto no cenário musical das Alagoas, desde a época de ouro do único 70th Blight.
O vocal é suave, mas direto, preciso e harmônico ao ponto de criar uma atmosfera etérea e hipnotizante. Os arranjos, de um bom gosto incrível, nos remente à uma lembrança saudosa de Mutantes, influência indiscutível de Júnior Bocão. Já Ana, parece trazer um toque do "auxílio luxuoso" da MPB de Elis, como o próprio release da banda insinua. Isso, acrescentado às letras modernas, algumas vezes lambuzada, com muito bom gosto, pelo romantismo, vestem um trabalho agradável, direto e sincero, com a grande virtude da letra em francês que acompanha a fabulosa "Magique", soberba.
Moderno, sim, uma releitura moderna da música brasileira. Alternativo, sim, o que desprende o trabalho de moldes comerciais que certamente limitariam a criatividade e a espontêneidade. Personalíssimo, sim, toda a influência pode ser sentida, mas não ao ponto de impedir uma notável personalidade nas composições.
Um bibelô, para se ter com todo carinho na cabeceira.
Remetidos à um som meio que Lounge, mesmo sem notória influência do cenário musical dos anos 50, traz o bem estar dessa derivação.
Finalmente, um ótimo trabalho, homogêneo e coeso, em minha opinião, sem desmerecer as demais, grifo em destaque a encantadora Magique, Sonhos de Liberdade e Mundo Novo. Mas o trabalho deve ser contemplado como um todo, característica da homogeneidade.
Parabéns à dupla.
Vai o link no Myspace, com material para audição: http://www.myspace.com/divinasupernova
É isso!!!