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terça-feira, 29 de março de 2011

Nome aos bois

Bom, fazia tempo que não passava por aqui. Ter um blog demanda um compromisso de postagem, que nem sempre posso cumprir. De qualquer forma, sempre espio e saio correndo pra resolver alguma coisa. Mas, de volta pelo menos por enquanto, trago um assunto que tem me chamado cada vez mais atenção quando ouço falar de música, a tal e fatídica frase: "Assim não dá dinheiro".
Hoje em dia, tanto na música quanto em qualquer meio profissional normalmente emergente, onde podemos encontrar grandes nomes fazendo grande sucesso e ganhando muito dinheiro, as somas astronômicas fazem mais sentido para a maioria das pessoas que a própria habilidade ou, no caso do cenário musicial, a prórpia sensibilidade e talento.
No começo dos tempos, quando a música era apenas uma forma de expor sentimentos, quando ainda se "cantava" o que se sentia na forma de desabafo de um grito há muito contido na própria alma, podia-se destinguir cada artista por suas particularidades, seus sentimentos eram únicos, mesmo vindos de uma mesma fonte de sofrimento, normalmente a discriminação, a miséria, a fome, entre outros. Os lamentos e contestações eram autênticos, sentidos e disseminados em cada acorde, melodia ou harmonia.
Mas aí veio o tal do dinheiro. Hoje o seu lamento só pode, ou deve, ser musicado se for comercial.  Pronto, acabaram com tudo. É como se ouvir de um produtor que o que você sente não serve. Você tem que expressar o sentimento, digamos, da Ivete Sangalo (grande merda), quando canta, porque isso dá dinheiro.
O som que você consegue do seu saxsofone não é comercial, você tem que tocal igual ao Leo Gandelman (menos mal), para ser realmente "autêntico". Leo é legal sim, mas não é você.
Isso causa uma série de imitações ridículas no meio musical, uma coisa completamente superficial. Superficial ao ponto de se notar claramente a imitação de gestos, sorrisos, palavras colocadas propositalmente em uma rápida comunicação com a platéia, cortes de cabelo, pelo amor de Deus, corte de cabelo igual é o fim. Mas acontece. E muito.
As bandas do dito forró, tem que acrescentar vinhetas com o nome do artista no meio de suas músicas para que se identifique quem está cantando. Acabou a magia de se ouvir uma única nota de trompete e gritar: Miles... é Miles Davis. Acabou isso. A identidade musical está sendo substituída por uma fórmula idiota de sucesso que afastar cada vez mais a música da arte. No lugar de artistas, temos hoje copiadoras burras de um formato antiquado de música ruim.
Um conselho: Antes de gritar o nome do artista, espere a música acabar e o locutor dar nome aos bois. Mais fácil.